Aquele momento, entre o silêncio e as lutas travadas em minha mente, me levaram a refletir o quão desafiador é para nós o silêncio. E aqui não estou falando daquele instante em que desejamos ficar a sós, repousar, ouvir uma música. Estou me referindo ao silêncio enlouquecedor, aquele que nos permite ouvir a nós mesmos.
Mas, como “ouvir a nós mesmos” se, “por conta da vida moderna” vivemos correndo, sem tempo para nada ?
Num mundo que está se deixando dominar pelo Facebook e por outras redes sociais, me parece que nossa intolerância tem aumentado; cada vez mais rotulamos e excluímos o “outro” que não se adéqua aos nossos conceitos ou filosofias de vida (o que me dá a impressão de estarmos voltando à idade média, aos tempos da inquisição). Estamos expressando nossa insatisfação, “metendo a boca”, gritando com o outro – sem nos darmos conta de nossos próprios gritos.
Assim como o homem deseja povoar Marte e descuida, senão destrói a Terra, nos metemos a cuidar da vida dos outros sem ao menos organizarmos nossos sentimentos e emoções.
Muito mais do que o esgotamento causado pela “vida moderna”, acredito que sejam os nossos pensamentos (que não cessam, que não nos dão sossego e aos quais não prestamos atenção ou damos a mínima importância) que de fato estejam minando nossas energias e relacionamentos, sabotando nossa felicidade.
Silenciar, a ponto de ouvir os próprios pensamentos, pode inicialmente nos deixar à beira da loucura; porém é sim um processo libertador.
Somente através do silêncio é que podemos nos dar a oportunidade de ouvir nossos desejos mais profundos e de atender as nossas próprias necessidades.
A solução tradicional para essa questão ? Meditação ! Experimenta !
Muitas pessoas dizem que meditar é difícil – o que não é bem assim. Provavelmente, “difícil” seja perceber e aceitar o volume, a quantidade de lixo mental que produzimos de forma incessante.
A vida toda acreditei que o propósito da meditação era silenciar a mente, esvaziá-la (o que para mim era sim muito difícil). No entanto, ao participar de um curso básico de meditação, ouvi de um monge que seu objetivo era o de exercitar o foco, a concentração – o que daria ou poderia levar ao tal “vazio” (e aí a prática começou a fazer sentido, a ficar mais fácil).
Se a prática da meditação lhe parecer um desafio e caso deseje melhorar sua qualidade de vida, experimente fazer um “diagnóstico” de suas ideias e pensamentos. Use do bloco de notas ou do sistema de gravação de seu celular ou passe para o papel o máximo do que lhe vier à mente. Quando lhe for possível, ouça ou leia o que anotou. Identifique ou contextualize a questão (isso significa acabar com as generalizações). Selecione ou mantenha apenas o que for realmente importante (portanto, exclua, abra mão do que não lhe serve) e clarifique suas questões até o ponto em que saiba o que realmente fazer (e coloque foco nelas).
No filme “Sete Anos no Tibet”, quando da invasão do exército chinês, o Dalai Lama, então com apenas 15 anos solta a seguinte frase: Há um ditado no Tibet: “Se o problema tem solução, não há porque se preocupar com ele. Se não tem solução, a preocupação será inútil. Pare de se preocupar !”
Diz-se que “água parada apodrece”. Imagine então o que acontece com nossa mente quando estaciona, não se renova ….
Necessitamos aprender a efetuar nossa higiene mental, assim como já efetuamos nossa higiene física.
Experimenta e compartilha você também de sua história.
Namastê !